segunda-feira, 11 de julho de 2016

Por que "Direito das Marias"?



A luta pelos direitos femininos vem de décadas. A história do movimento feminista passa pelas reivindicações por direitos democráticos como o direito ao voto, divórcio, educação e trabalho, nos séculos 18 e 19 (e somente no XX no Brasil); a liberação sexual, impulsionada pelo aumento dos contraceptivos, no fim da década de 1960; e a luta por igualdade no trabalho, iniciada no fim dos anos 1970, sendo impulsionada, mais recentemente, pela luta para que se criem leis como a Maria da Penha e o Feminicídio.

O motivo disto tudo centra-se na busca pela liberdade. Durante séculos, fomos vistas como seres inferiores,intelectualmente fracas, bruxas e todas deveriam obedecer aos homens de sua família que eram livres para castiga-las, machuca-las, escraviza-las, oprimi-las. 

Datam dessa época as primeiras obras de caráter feminista, entre elas a da inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797), autora do livro "Em Defesa dos Direitos das Mulheres", de 1792, sobre educação para mulheres. A obra foi traduzida pela feminista brasileira Nísia Floresta, em 1832.
Falando em Educação, tal direito foi negado por muitos anos a nós, prova disto é a literatura mundial com uma escassez avassaladora de autoras, assim como um número pífio de artistas plásticas, pintoras, escultoras, cientistas, aliás, muitas que poderiam ter tido seu nome na história, foram queimadas vivas por serem consideradas bruxas!
No Brasil, Rita Lobato Velho Lopes foi a primeira mulher a receber um diploma superior e a segunda da América Latina. Ela formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia em 1887.
Hoje, as mulheres ainda enfrentam diferenças no acesso à educação, em comparação aos homens. De acordo com dados divulgados neste mês pela Unesco, ainda que o número de analfabetos tenha diminuído na última década em 150 países, 774 milhões de adultos – pessoas com mais de 15 anos – em todo o mundo continuam sem saber ler. Desse total, 64% são mulheres. Entre os 123 milhões de analfabetos com idade entre 15 a 24 anos, 76 milhões são do sexo feminino.
A busca pelo direito ao voto pelas sufragistas, como dito acima, foi uma das primeiras lutas do feminismo. O movimento sufragista, que surgiu no contexto da urbanização e na industrialização do século 19, começou em 1897, com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino pela educadora britânica Millicent Fawcett (1847-1929). No Reino Unido, o voto feminino só seria aprovado em 1918. 
Em âmbito nacional, o voto feminino só foi aprovado em 1932 e concretizado em 1933, na eleição para a Assembleia Constituinte. Em função da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945), porém, as mulheres só voltaram a votar em 1946. Como tais conquistas se dão em sequencia, hoje, a luta das mulheres centra-se pela igualdade na política. Graças a inúmeras campanhas de consciência política, houveram avanços nas últimas eleições, contudo, a representação feminina não chega a 15% da totalidade de parlamentares do Congresso. O Brasil é o ­país sul-americano com menos mulheres na Câmara. Em meio a esta crise e em uma nação com tamanhas desigualdades, fazem falta mães no congresso, fazem falta jovens mulheres, estudantes, com o olhar feminino...que vivem nossas angústias e poderiam ser nossa voz.
 Neste exato momento,  uma mulher está sendo agredida no país (mais precisamente, segundo dados do governo federal, a cada 05 minutos uma mulher é agredida. E em 80% dos casos, o agressor é o marido, companheiro ou namorado. Por isso a necessidade de não nos calarmos, de levantarmos estes temas e seguirmos lutando, assim como fizeram as que vieram antes de nós. Não se trata de uma luta contra homens (inclusive, há mulheres machistas e homens que não o são!), se trata de uma busca por nossa Liberdade! 
Infelizmente, há regiões no globo onde os Direitos femininos estão engatinhando. No Afeganistão, por exemplo, até 80% das mulheres se casam contra a sua vontade, enquanto no Paquistão, sua participação na sociedade é limitada e elas chegam a ganhar até 82% menos do que os homens. E é por elas que devemos levantar nossa voz, também.
Hoje, as mulheres possuem amparos para se separarem de companheiros agressores, para denunciar estupradores e evitar demais agressões. E este é uma luta que não pode parar e que pertence a todas nós.

0 comentários:

 
Direito das Marias - Templates Novo Blogger